sábado, 25 de junho de 2016

Poemas sobre a classe operária: Trabalho Gratuito


Trabalho gratuito
Paulo Ayres

Uma jornada
Unidade
Duas jornadas
Realidade
Na primeira, pequenina, singela
Produzo meu salário
Na segunda, longa, profunda
Trabalho de graça
Uma cortina de fumaça encobre
A fumaça da unidade
Os olhos lacrimejam
A harmonia social é emocionante
Não há duas jornadas
Não há classes antagônicas
Somos todos cidadãos
A rádio diz que ninguém trabalha de graça
Nem mesmo o relógio
A música dentro da fábrica é essa
Talvez, um dia muitos entenderão
O que sustenta esse mundo é trabalho gratuito
Muito, muito trabalho gratuito
Não remunerado, sugado, suado
Nesse dia o que faremos?
Ou melhor, o que não faremos
Não faremos a produção girar
Nada deveria ser grátis
Muito menos pago
Apenas livre
= = =

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