domingo, 11 de setembro de 2016

Poemas sobre a classe operária: De Bem Com A Garota do Tempo II


De bem com a garota do tempo II
Paulo Ayres

Como não sou escorregadio,
Nuvens carregadas não adiantam de nada
Hoje preciso sair, abandonar as cobertas
Dar cobertura para as máquinas
Antes de me vender,
Tenho que vencer o aguaceiro,
Molhando as fuças, pulando poças,
Ensopando a calça, calçando galochas,
E nem reluz a estrada de tijolos amarelos
Antes de me irritar,
Tenho que lembrar do acaso previsível
A Maju jamais jogaria dados infundados
Ela está do outro lado da novela das oito
Nem afoito, nem feito de açúcar,
Caminho pelas ruas escuras,
Ouvindo os gritos do Dr. Victor.
Na zona industrial, todo dia é um temporal
E só dá uma trégua no pôr do sol

= = =
[0] "De Bem Com A Garota do Tempo I" (2004) é uma canção da Poléxia.
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