quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Poemas sobre a classe operária: Sempre Livre


Sempre livre
Paulo Ayres

Sempre que há digestão,
Houve trabalho
Sempre que há masturbação,
Houve digestão
E antes, houve trabalho

Naturalistas olham no microscópio
Não enxergam a categoria fundante
E nem um palmo diante do nariz

Proletários fazem os absorventes
Usados pelas manifestantes
No instante, elas queimam sutiãs

Desatada sangria
Na Modernidade tardia,
O tampão é a operária

Satiko possuída perde a cabeça
Para a Carrie, não há sossego
A agente Olive menstrua
e isso lhe custa o emprego

Sempre livre
Sempre absorve
Sempre escraviza
Avisa lá, meu bem
O mercado é livre
O ser humano é refém
= = =

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