Sempre livre
Paulo Ayres
Sempre que há digestão,
Houve trabalho
Sempre que há masturbação,
Houve digestão
E antes, houve trabalho
Naturalistas olham no microscópio
Não enxergam a categoria fundante
E nem um palmo diante do nariz
Proletários fazem os absorventes
Usados pelas manifestantes
No instante, elas queimam sutiãs
Desatada sangria
Na Modernidade tardia,
O tampão é a operária
Satiko possuída perde a cabeça
Para a Carrie, não há sossego
A agente Olive menstrua
e isso lhe custa o emprego
Sempre livre
Sempre absorve
Sempre escraviza
Avisa lá, meu bem
O mercado é livre
O ser humano é refém
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