segunda-feira, 16 de junho de 2014

Poemas sobre a classe operária: O Palco da Copa


O palco da Copa
Paulo Ayres

Proletários transformam a natureza
Ao fazer da incerteza uma realização concreta
É com cimento mais tijolo que acontece a mágica
É com sentimento sem consolo, durante a chuva trágica
Capaz de fazer crescer o gramado mais verde
E junto com a sede de esporte,
Pingos de morte no meio de podres placas publicitárias

Quem mais, se não o proletariado, tem tanto poder de criação?
Em plena Amazônia e Pantanal, ele dá a luz a dois elefantes brancos
Do Sul ao Nordeste, vários ninhos com passarinho verde
Alegria empacotada oferecida a milhões e milhões
É a segunda natureza: feita por mãos teleológicas
É o primeiro espetáculo: anterior àquele dos holofotes

Não esqueçam esses artistas embaixo do vestiário
Sejam os vivos
Ou aqueles outros operários,
Dos quais só se houve a respiração
Quando as luzes do palco se apagam
= = =

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