quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Poemas sobre a classe operária: Poema Literalmente Concreto


Poema literalmente concreto
Paulo Ayres

Cimento ciumento
Teu sentimento eu sinto
Quando chapisco a parede
Sem o consentimento
Mas com o ressentimento

Toco e reboco
Provoco a lajota
La K, la L, la M, la N
O ó do borogodó
Do P ao pó

Minha senhora
Sem hora
Agora
Por hora
Eu
Lhe
Concedo
Desde cedo
Seu
Veredito
Dito
Sem meias palavras

Achaste uma merda?
Achaste uma perda?
Perdeste um empregado
Pregado na cruz
Praguejado à luz
Se não achaste a merda
Te mando para lá

Gira, betoneira
Tira a betoneira
do meu caminho
= = =

Nenhum comentário:

Postar um comentário