sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Poemas sobre a classe operária: O Fantasma do Natal Genérico


O fantasma do Natal genérico
Paulo Ayres

É fácil detestar a época do Natal
Moleza, é só ampliar a consciência
Um período transbordando hipocrisia
Aguentar a bipolaridade, paciência

Muitas luzinhas e Papais Coca Cola
O culto ao deus Mercado se intensifica
As compras, os parentes e o tio do pavê
O cara de esquerda não sabe como fica

A guerra do dia a dia tem um intervalo
O sorriso cristão e o clima de falsidade
Até o mendigo invisível fica visível
Lua minguante, só citoyen na cidade

Apenas uma parte não sai nessa foto
No presépio, não há a classe operária
A sua função e imagem é instrumental
Duendes fordistas na produção diária

Contudo, nem tudo é apenas ojeriza
Esta é a lição básica da dialética vital
Busquemos nas entrelinhas processuais
E se vê um tímido lado bom no Natal

O tão falado e inspirado espírito natalino
Não é o portador da falsidade descarada
Ele é a leve brisa da generidade humana
A hipocrisia é esquecê-lo após a virada

Eis o quarto espectro que nos ronda
O fantasma do Natal genérico é real
Se entrarmos no mundo comunista,
Emancipados, todo dia vai ser Natal
= = =

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