Belina verde
Paulo Ayres
Tanto tempo de expectativa
E nenhuma iniciativa
Até decorei o seu som
Tanto tempo desperdiçado
Um Sísifo obcecado
Esperando um sim
Nada que é humano me é estranho
Mas nada eu ganho em me estranhar tanto
Quando lembro daquelas tardes mecânicas,
Dia de treinamento me amestrava
Noite de lamento eu fantasiava
Oficina behaviorista
Quando lembro daquelas listras verdes,
Dois grandes faróis redondos me encaravam
Dois horários em que a defesa se abria
Pivô da malícia
Quando lembro daquela belina verde
Dois grandes faróis redondos me ignoravam
Duas pernas da Ravena não apareciam
Véu de Maya
Apenas no lugar mais estranho da cidade,
eu pude me libertar deste estranhamento artesanal
ao me aprisionar como proletário
e produzir capital
= = =
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
Poemas sobre a classe operária: Belina Verde
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