quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Poemas sobre a classe operária: Fruto do Meu Trabalho II


Fruto do meu trabalho II
Paulo Ayres

O que resta para mim, hoje?
Um velho caboclo aposentado
Percebi como fui feito de otário
Ao bater continência

O que resta do que fiz ontem?
Um jovem operário de fazenda
Eu que sustentava uma lenda
Ao vedar a consciência

De dia na enxada
De noite violada
Me violaram dia e noite

O que resta da foto que eu tirei?
Soldado raso com Costa e Silva
O Brasil fedendo à autocracia
Ao alimentar a patolada

O que resta do batente estranhado?
Um roceiro enganado por bioco
Milagre econômico do pau oco
Ao cultivar terras griladas

O que restou foi eu mesmo
Fruto do meu trabalho
Frete pago por mim

Não há, oxente, oh não,
Trabalho assalariado sem exploração

= = =
[0] Sequência da canção "Fruto do Meu Trabalho" de Tonico & Tinoco.

= = =

Nenhum comentário:

Postar um comentário