Fruto do meu trabalho II
Paulo Ayres
O que resta para mim, hoje?
Um velho caboclo aposentado
Percebi como fui feito de otário
Ao bater continência
O que resta do que fiz ontem?
Um jovem operário de fazenda
Eu que sustentava uma lenda
Ao vedar a consciência
De dia na enxada
De noite violada
Me violaram dia e noite
O que resta da foto que eu tirei?
Soldado raso com Costa e Silva
O Brasil fedendo à autocracia
Ao alimentar a patolada
O que resta do batente estranhado?
Um roceiro enganado por bioco
Milagre econômico do pau oco
Ao cultivar terras griladas
O que restou foi eu mesmo
Fruto do meu trabalho
Frete pago por mim
Não há, oxente, oh não,
Trabalho assalariado sem exploração
= = =
[0] Sequência da canção "Fruto do Meu Trabalho" de Tonico & Tinoco.
= = =
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
Poemas sobre a classe operária: Fruto do Meu Trabalho II
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário