quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017
Poemas sobre a classe operária: Ilex Paraguariensis II
Ilex paraguariensis II
Paulo Ayres
Uma desconhecida quebradora de erva
quebrou o meu galho
Uma desconjuntada sapecadeira
quebrou o gelo em mim.
Só sou feliz domingo de manhã
Com o seio moreno, esquento meu peito
Esta alvorada é leve, livre e determinada
Este amargo doce é dual e indeterminado.
Mas não é só de dia santo que vive os pampas, guria,
há uma semana infernal no gótico arco quebrado.
Proletários secando folhas, mas não as lágrimas
sonhos sendo triturados, mesquinhos ou não.
Mereço, ao menos, o beneficiamento da dúvida
o doce não anula o amargo e vice-versa.
Para dentro e para fora
Solidariedade e solidão
no ritual do chimarrão há dois movimentos
Sociedade mais socializada
privatizada até o talo da erva-mate.
Ainda há jeito
não somos Homo floresiensis.
Ilex paraguariensis
ainda há no peito.
= = =
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