domingo, 5 de fevereiro de 2017
Poemas sobre a classe operária: Crítica Gastronômica
Crítica gastronômica
Paulo Ayres
Garçom, faz favor!
Há uma mosca riponga na minha sopa!
Há uma minhoca no meu creme de ovo!
E fezes de rato na minha ratatouille!
A conta, por favor!
Já visualizo o meu primeiro parágrafo!
Já ironizo na teleologia após o garfo!
Uma bomba de chocolate explodirá!
Saboreio o meu texto
O gosto é de retórica
O gasto é zero temer
Existe almoço grátis (o meu)
Existe crítica sem sabor (a minha)
A crítica crítica é a crítica de soma zero
Enquanto isso, espero
Espero sentado
Espero entender o que há de errado nestas cozinhas
- o narrador:
Naquele dia, ninguém esperava pelo pior
Até que da proletária cai uma gota de suor
Imperceptível, contaminou o rizoto
O gosto de exploração na cozinha se espalha
Enquanto o operariado de avental trabalha
Imperceptíveis, surgem os bichos escrotos
Por abiogênese.
Diferente destes pratos.
= = =
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário