domingo, 23 de abril de 2017

Poemas sobre a classe operária: Fordlândia


Fordlândia
Paulo Ayres

Lá no Bar do Canhão,
o clássico do sertanejo pop no aparelho de som
o country pop num novo single ditando o tom
o mesmo arranjo industrial

Lá na cidade fantasma,
a linda e desamparada jovem viúva do Oeste
a cafetina sem donzelice de Santana do Agreste
não são muito diferentes.

Lá na beira do Rio Tapajós,
os limpadores de para-brisa não dão em seringueiras
o calor amazônico enferrujou as exploratórias esteiras
bater em retirada.

Centro-western do Pará
operários de pele vermelha, negra, branca e parda
a exploração tarda, mas não falha.

Centro-western do Pará
operários de pele vermelha, negra, branca e parda
a exploração tarda, mas não faliu
apenas mudou de lugar.

O que sempre quebra é o teto proletário.
= = =

Nenhum comentário:

Postar um comentário