domingo, 18 de abril de 2021

Poemas sobre a classe operária: Somos Quem Podemos Ser II


 
Somos quem podemos ser II
Paulo Ayres

Um dia me corrigiram:
não é operário gente como o Galvão!

O relativismo assalariado
a ontologia liquefeita
a arrogância suspeita
saíram da frente da minha visão.

Outro dia me sopraram:
a resposta da alternativa dois
e depois sem o cisco no meu olho
falo aos quatro ventos da exploração.

Troquei os meu óculos
refiz os meus cálculos
mudou a minha imagem no espelho
diferencio a produção e os aparelhos
posso ver as letras minúsculas do falso contrato.

Parei o efeito borboleta
olhei pela minha luneta
uma estrela vermelha, azulada de perto
um edifício de tijolos, operários e cimento
posso ver, no momento, para além dos outdoors.

Somos aquilo que fazemos
somos quem podemos ser
independente de perceber,
fazemos o que somos.
= = =

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