segunda-feira, 14 de março de 2016

Poemas sobre a classe operária: Leite


Leite
Paulo Ayres

Não adianta chorar pelo leite derramado
Nem pelo leite encaixotado
Forma retangular do líquido desnatado

Até quando o sabor original é da vaca camponesa,
A vaca mecânica transforma em sabor proletário
Com aquele gostinho de exploração semi-desnatada
Esguichamos leite em escala industrial
Embalamos a brancura pasteurizada
Abastecemos milhões de mamíferos
Agite antes de desmamar

Não adianta chorar pelo leite derramado
Nem pelo leite engarrafado
Pelo leite ensacado, muito menos
= = =

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