quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Poemas sobre a classe operária: A Arte de Morcegar


A arte de morcegar
Paulo Ayres

Morceguei hoje
Morcego, não nego
Paro quando puder

Quando não sou obrigado a ser obrigado,
Obrigado, acaso, pela oportunidade

É preciso estar atento
Tento disfarçar
Finjo que estou ocupado
E não me sinto culpado
Vamos enrolar
Sou tão explorado
Meu oxigênio é este ar
Na fábrica, respiro gás carbônico

Revidei hoje
Revido, não visto
Paro quando vier

Enquanto me deixam com nada de nada,
De nada adianta, mas me levanta um pouco
= = =

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