quarta-feira, 16 de julho de 2025

Poemas sobre a classe operária: Kethelyn


 
Kethelyn
Paulo Ayres

Para além da pedra criando limo
Loira trancada nesse apartamento
Neste lamento, ela não tem culpa
Mas aconteceu e se rompeu

Pedreiros, encanadores e decoradores
Não sabem das dores em cada rodapé 

Carros do interior do Paraná,
Carros de Campinas e Niterói
É algo completamente normal
Sonhar com uma vaga dupla

Kethelyn, uma comunista tão bela
Uma singela amiga imaginária
No meio da mesa de divisões
Trabalho material e dor emocional
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quarta-feira, 2 de julho de 2025

Poemas sobre a classe operária: Os Quitutes da Classe Artesã no Carro de Som

Os quitutes da classe artesã no carro de som
Paulo Ayres

O agro está em tudo
A política está em tudo 
O espírito santo está em tudo

Sigo a perigo 
Três semanas sem beber vinho
Uivando para Lua, subindo pelas paredes

Na zona urbana os animais são diferentes
Chamam a atenção para a degustação
Cada mordida é um vale-suor na troca

Pamonhas, churros e canudinhos
Pamonhas, churros e canudinhos
Os ingredientes vêm de tão longe
Os impacientes vêm de tão perto

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terça-feira, 17 de junho de 2025

Poemas sobre a classe operária: Uma Piada Internacional

Uma Piada Internacional
Paulo Ayres

Um Jesus que não veio de Belém
Milionário sem nenhum vintém
Do quintal ele não enxerga além
E Vitor Filipe é apenas um Ken

Em cada mês uma penitência
Humilhação ali é recorrência
Até em inglês pedem paciência
E Marina Ferri tem a fluência

Sonhando em viajar longe dali
Sarandi é a cidade do coração

Operário que não tem o amanhã 
Sem corpo são e nem mente sã
Travando sempre uma luta vã
Lá na Cracolândia é um Cauã

Acende maçarico com isqueiro
Rola o YouTube o dia inteiro
Humor de fofoca e banheiro
Neves no cume estrangeiro

Sonhando em viajar longe dali
Sarandi é a cidade do coração
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sábado, 17 de maio de 2025

Poemas sobre a classe operária: O Operariado de Santana do Agreste

O operariado de Santana do Agreste
Paulo Ayres

É vermelha a luz de Tieta
São pretas as vestes da bruxa
Assombração branca é bem viva
Mas menos ativa que a da fazenda

A cama redonda é móvel rosa
Não é o que mais ali entrosa
Movimento da costura coletiva
Mas menos ativa que a da fazenda

Do lado de dentro do cercado
Um punhado de operários rurais
No cabresto de Coronel e Filó
Uma gaiola de favores sexuais

A fábrica de Mangue Seco
Ideia que secou na fonte
Turismo com tanta pressa
Tropeça na cidade fantasma

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[0] Primeiro tratamento: 15/05/2019.
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