Semáforo II
Paulo Ayres
De olho na lua vermelha
Cabeças na mesma direção
Máquinas acordaram famintas
O verde naturaliza o artificial
De olho nas luas apagadas
As mãos no circuito integrado
Horas e horas
A luz verde incansável
Essa lua cheia vermelha
Transforma o lobisomem em homem
Os portões da fábrica se abrem
Comer, entreter, ejacular e dormir
E hoje é quarta-feira
Não queira lembrar
Ainda é metade da avenida
Na rua, as luas brilham nos cruzamentos
No galpão, hoje a noite não tem luar
Sintomas e sinais do sinaleiro em produção
Atenção, diz a lua amarela
Colarinho azul tem a mais primária
Entre as cores primárias
Ansiedade, diz a lua amarela
Do sorriso amarelo ao olhar cinza
Muitas marés na vida
Cansativo vai e vem
Queria dormir e nunca mais acordar
Ou acordar quando a lua só for vermelha
= = =
[0] "Semáforo I" é uma canção do Vanguart.
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segunda-feira, 13 de junho de 2016
Poemas sobre a classe operária: Semáforo II
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