É preciso não esquecer nada II
Paulo Ayres
O engenheiro lembra muito bem o amanhã
Esquecido, o operário deixou as chaves para trás
Assaz importantes, elas poderiam abrir várias portas
O misterioso segundo andar
Na sala do supermercado, estão comprando
Suando frio, a mercadoria preenche o formulário
Abrindo a próxima porta veria o vaso
Com atraso, a serviçária passando um fax
A reminiscência diria que há algo mais por aqui
Em outra sala, computadores a prova d' água
O constante download de suor
Pior é o escuro fim do corredor
Porta trancada, esquadro maçom esculpido na madeira
Empurrando com dificuldade, o humilde proletário entraria
Em pleno dia, o tio Pennybags cochila atrás da mesa
Certeza que uma dessas chaves abriria o seu cofre
Os seculares livros contábeis, na hora
Lá fora o céu azul visto numa gigantesca janela
Por ela seriam atirados os entraves da roda da história
Antes, o das rodas da cadeira
Dias de um futuro esquecido
Teria acontecido se o operário lembrasse das chaves
Deixadas em cima da máquina, na pressa de ir para casa
Rotina e personalidade rasas e carregadas de atos
É preciso não esquecer nada
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[0] "É Preciso Não Esquecer Nada I" é um poema de Cecília Meireles.
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sexta-feira, 29 de julho de 2016
Poemas sobre a classe operária: É Preciso Não Esquecer Nada II
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