sábado, 23 de julho de 2016

Poemas sobre a classe operária: Horizonte Distante II


Horizonte distante II
Paulo Ayres

A praia deserta está coberta de interrogação
Cronos e Kairós se encontram a cada segundo
O primeiro está nas ondas, o segundo medita no fundo
Profundo, o mar se estende até o jardim borgeano
Estou descalço, despido e descentralizado
Do outro lado das águas, o caminho para casa
Nem o Mestre dos Magos e nem Moisés podem ajudar
Os escrúpulos deste crepúsculo não estão escritos
Esperarei até a luz de amanhã cedo
Os olhos têm seus limites
O longínquo borra beleza e medo
Socialismo, barbárie ou autodestruição
Um deste barcos chegará primeiro
As três embarcações são feitas por mãos operárias
Mas apenas a primeira tem operários no timão
Depois de dias caminhando, uma pausa
Sento na areia, sinto um vento litorâneo
De olho no horizonte distante

= = =
[0] "Horizonte Distante I" é uma canção do Los Hermanos.
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