sábado, 9 de julho de 2016

Poemas sobre a classe operária: Ladeira da Preguiça II


Ladeira da preguiça II
Paulo Ayres

Descida íngreme nada ingênua
No fim da tarde, tu zombarás de mim
Esgotado, explorado, estranhado
Conduzirei a bicicleta pelos chifres
Escalarei a montanha com essas velhas botinas
Cada newton que agora se esfumaça, voltará na garupa
Esse vento no rosto não me seduz tanto
Acordei cedo, muito cedo, até Deus está dormindo
Lafargue é o santo que sabe que não sou pecador
O que o mundo me tira é muito mais do que ele me dá
Desafortunado, desanimado, descendo
Os pedais parados na manhã monótona
No entardecer, subirei mais leve, porém, menos humano
Sempre deixo algo de mim dentro da fábrica

= = =
[0] "Ladeira da Preguiça I" é uma canção de Gilberto Gil.
= = =

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