Não comerei da alface a verde pétala II
Paulo Ayres
Semeado o estranhamento, vem a colheita
Os cabelos negros e verdes são crespos
A assalariada mão que balança o esterco
Deixa a salada livre de qualquer suspeita
A propósito, há uma alface no seu dente
Há um suor de agrotóxico na verdura
A água tira tudo, só não tira a amargura
E não tem tempero que torne diferente
O primeiro gourmet é o operário rural
A segunda-feira é madura e esverdeada
Ainda não plantaram mudas com sal
Todavia, a força de trabalho é irrigada
No período dos pentelhos, há alfaçal
Molho os pés e as raízes calejadas
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[0] "Não Comerei da Alface a Verde Pétala I" é um poema de Vinícius de Moraes (1962).
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quarta-feira, 13 de julho de 2016
Poemas sobre a classe operária: Não Comerei da Alface a Verde Pétala II
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