O homem cinza II
Paulo Ayres
Dizem que eu não sou mais o mesmo
Ando pelas ruas sem chamar a atenção
A definição perfeita de semi-invisibilidade
Na cidade, muitos cavalos com antolhos
Não escolho ser desinteressante, mas sou
Eu vou pelas calçadas no ritmo dos calçados
Entro no bolo para virar recheio dietético
Meus passos não são rápidos, nem lentos
Me movimento acompanhando o fluxo
Comum demais para ser notado, percebido
E também simples demais para ser suspeito
Um jeito morno de ser que não fede ou cheira
Estou reificado ao extremo para ser lembrado
Minha alma cinzenta boceja sábado de manhã
Coleto a essência onírica dos recém-falecidos
Meus antepassados estão ilhados em Pawley
As lojas e as sacolas têm um colorido espantoso
Mal sabe toda essa gente do cartão de crédito
O meu crédito por essas mercadorias vivas
Segunda-feira volto para meu habitat artificial
Para dentro dos portões, o céu cinza da Legião
Volta a fusão da minha pele e do meu uniforme
= = =
[0] "O Homem Cinza I" é uma canção dos Titãs.
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quinta-feira, 4 de agosto de 2016
Poemas sobre a classe operária: O Homem Cinza II
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