segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Poemas sobre a classe operária: O Tímido e a Manequim II


O tímido e a manequim II
Paulo Ayres

Quem nunca se sentiu dentro do espelho?
Parelhos avulsos num mundo ao avesso
O nome da ambulância está correto
Fazer valor é colocar em si um preço

Produzir fotografias em três dimensões
É a missão dos montadores de bonecos
De todos os proletários do planeta,
São os mais inibidos pelos seus ecos

Sujeito e objeto idênticos é um mito
Invertê-los em espírito é um fato funesto
Como pode a criatura com tanta vida
Saída de um criador tornado resto?

Mais um manequim com a mesma cara
Disfarça, mais por dentro ri um bocado
A ninfa é conduzida pelo súdito operário
O dicionário diria que ele está acanhado

Os faróis sempre acesos, mesmo sem luz
Conduz a palpação pelo corpo esguio
A Vênus de Milo é capaz de amplexo
Já essa ninfa moderna, um fardo frio

= = =
[0] "O Tímido e a Manequim I" é uma canção de Paulinho da Viola.
= = =

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