Paulo Ayres
Se paro para sentir o chão, o perco
Estou sempre pisando em nuvens
Se paro para pensar, sou infeliz
Estou sempre pensando nisso
Tudo nasce na esfera de produção
Inclusive os proletários
Tudo se separa na esfera de circulação
Inclusive dois proletários
Nós nos desviamos do movimento,
No momento em que nos tornamos
A aristocracia operária, o olhar voltado ao passado
Uma órbita não elíptica entra em rota de colisão
Nunca foi revolução, apenas golpe de estado
Um amargo tertium datur nasce datado
O tom está alto e nem nos ouvimos mais
No começo é suspiro inspirador
Depois é permissão para respirar
A gente viu no fim da viagem,
Era flor azul e não camaradagem
Estava com os dias contados mesmo.
A gente viu no fim da linha de montagem
Até o fim do mundo é produzido diariamente
Mercadoria frágil feita para quebrar
O rio fica agitado, o barco desce a correnteza
Até chegar à leveza de pisar no porto seguro
Aqui, mesmo no escuro e com trovões,
Há paz para dormir
Mesmo sendo o melancólico porto solidão,
Melhor que a ilusão dividida entre nós
Enfim, melhor assim
Não há tempo nem para se lamentar
Segunda cedo, fabricar apenas o que é obrigado
Deixei de lado a mais-ilusão feita na hora-extra
Deixei de lado o jogo de ludo
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[0] "Melhor Assim I" é uma canção do Engenheiros do Hawaii."Melhor Assim II" é uma canção da Poléxia."Melhor Assim III" é uma canção do Gram."Melhor Assim IV" é uma canção do Pitanga em Pé de Amora."Melhor Assim V" é uma canção do Fresno."Melhor Assim VI" é uma canção de Marcelo Café."Melhor Assim VII" é uma canção de Lili Buarque."Melhor Assim VIII" é uma canção do Cara Suja."Melhor Assim IX" é uma canção de Teresa Cristina.
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