segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Poemas sobre a classe operária: Túnel do Carpo


Túnel do carpo
Paulo Ayres

Dentro do ônibus,
A hora não passa
Faça chuva ou sol
E quando a janela não embaça,
A gente vê a vida lá fora tão acelerada
A gente vê a vida

Dentro do ônibus,
O dia não tem cor
O humor oscila tanto
Nem santo aguenta o solavanco
A gente se segura na barra ou no banco
A gente se segura

Foi no túnel do tempo que eu me vi
Me vi no tempo que comecei na fábrica
Meu cabelo diferente e minhas mãos não doíam
Elas iam tão bem, seguravam tão bem

Neste mês,
Chega a vez que vence a minha garantia de operário
Perto da rua da amargura, descerei em certo horário
Logo após o túnel do carpo
= = =

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