domingo, 23 de outubro de 2016

Poemas sobre a classe operária: Indústria Vital



Indústria vital
Paulo Ayres

Em todos esses anos,
Assistindo os curtas do Woody,
Como é que eu pude
Não perceber a diferença entre voz e energia?

Em todos esses anos,
Ligando o chuveiro na água quente,
Como é que não ficou aparente
O trio geração, transmissão e distribuição?

Em todos esses anos,
Esperando o liquidificador se calar
Como é que pode sincronizar
Oferta e demanda, produção e consumo?

Em todos esses anos,
Trabalhando nessa indústria de energia
Operários e serviçários em sinergia
Smedley só sabe contar até o terceiro dado

Isso nunca aconteceu comigo antes
É a primeira vez que isto me acontece

Em todos esses anos,
A indústria vital não é a telefonia
Voz não é bem, bem é energia
O poste sabe qual é qual nas suas veias

Isso nunca aconteceu comigo antes
É a primeira vez que isto me acontece
Mas, com fio terra, não há apagão
= = =

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