sábado, 2 de julho de 2016

Poemas sobre a classe operária: Na Hora de Ir II


Na hora de ir II
Paulo Ayres

Seis da manhã a gravidade ainda é alta
Os olhos pesam, a cama não faz abdominal
Celular maldito, para te esmagar pouco falta
Vida sem sentido, sentido zona industrial

Sapatão sem cadarço
Cadáver sem descanso
O espelho do Don Ramón
Bolacha de sal com café filosófico
A louça heideggeriana fica lá marrom

A marmita morna murcha
Entra a claridade pós-iluminista
E a Mona Lisa sem sorrir
Giro a chave, sou da fábrica
Fecho a porta, está na hora de ir

* "Na hora de ir I" é uma canção da Nação Zumbi.

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